Princípios Estruturantes
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compromisso com a sociedade,
sustentabilidade e gestão ágil e transparente.
sustentabilidade e gestão ágil e transparente.
A educação é e sempre será uma das formas mais potentes e duradouras de transformação do mundo. Assim, deve permanecer como uma das missões centrais da USP. Um aspecto edificante de educar é promover a pluralidade e a inclusão. A defesa de uma universidade pública começa pela promoção de acesso e permanência na USP em suas várias instâncias, garantindo a diversidade da sociedade brasileira em nossa comunidade universitária.
A universidade também responde aos desafios da sociedade por meio da pesquisa e inovação, que devem estar em constante diálogo com demandas sociais. Ao mesmo tempo, há que preservar a liberdade de pesquisa, a densidade conceitual e o reconhecimento da importância de pesquisas básicas, ainda sem aplicação imediata, que abrem novas possibilidades epistemológicas, tecnológicas e científicas.
A extensão, por sua vez, deve ser entendida como um elo vital entre a universidade e a sociedade, integrada à pesquisa e ao ensino. A extensão deve abrir vias de diálogo e cultivar formas pelas quais a comunidade USPiana possa se engajar diretamente no enfrentamento de demandas da sociedade que a cerca e sustenta. Ao mesmo tempo, a cultura e a arte devem ser entendidas como dimensões essenciais da vida universitária: como vetor de memória, de imaginação social e de formação cidadã. Museus, Centros, acervos, bibliotecas e espaços culturais devem ser preservados e mobilizados como parte fundamental da presença pública da universidade.
Por fim, é preciso que a universidade saiba se comunicar: mostrar com clareza o que a USP produz, quem a USP forma, quais impactos positivos, diretos e indiretos, provoca. Para isso, é necessário construir e consolidar formas de escuta e de partilha de saberes, cultivar o diálogo com setores amplos da sociedade, inclusive com a classe política. Uma universidade pública só se realiza plenamente quando fundamenta suas escolhas no interesse coletivo e assume seu papel na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática.
Social e Ambiental
Promover a sustentabilidade na USP significa, em seu sentido pleno, manter viva a missão da universidade pública, pensada aqui como compromisso intergeracional. É necessário garantir as condições materiais, ambientais e simbólicas para a continuidade de um projeto acadêmico que se orienta, em sua raiz, pela autonomia universitária, pela ética, pela diversidade e pela responsabilidade social e ambiental.
Quanto à sustentabilidade financeira, a regra basilar da USP de um teto para gastos com pessoal deve ser respeitada. Grande atenção deve ser dada à reforma tributária - cuja implementação está prevista para iniciar em 2026. É necessário preparar a USP para o novo arcabouço fiscal, defendendo a autonomia na utilização de recursos orçamentários, que devem ser utilizados de maneira transparente e em articulação com as atividades-fim da universidade.
É fundamental criar um grupo de especialistas USPianos para ajudar no processo regulatório da reforma tributária, bem como a formação de grupo de interlocução com a Assembleia Legislativa.
Uma gestão estratégica é essencial para garantir que ideias se transformem em iniciativas concretas e que os recursos alocados estejam alinhados à missão acadêmica e ao papel social da universidade. Sustentabilidade, neste sentido, é implementar com visão de longo prazo, ao mesmo tempo em que preservamos a flexibilidade para nos adaptarmos a novas demandas sociais, educacionais, científicas, financeiras e ambientais.
Paralelamente ao desafio da sustentabilidade financeira da USP, faz-se urgente pensar sua sustentabilidade ambiental. A USP está presente em diferentes territórios e cada campus reflete as especificidades do contexto social, ambiental e econômico que o circunda. Estar à altura dos desafios do presente e do tempo futuro demanda que a sustentabilidade seja entendida como um princípio estruturante da vida universitária.
Sustentabilidade Social e Ambiental
Cuidar do patrimônio ambiental da USP é um dever fundamental. Afinal, 29% da área dos campi é constituída por reservas ambientais, somando cerca de 22 milhões de hectares que prestam enormes serviços ecossistêmicos e ambientais à comunidade universitária e à comunidade externa.
Para além da conservação, a USP deve se preparar para os novos desafios apresentados pela mudança climática, implementando ações para mitigação de emissões, adaptação territorial e promoção da justiça ambiental. Repensar nossos campi a partir da ótica da resiliência e da qualidade de vida constitui uma oportunidade singular de desenvolvimento de estratégias e soluções com potencial de serem traduzidas para contextos além da universidade, atendendo, portanto, à sociedade como um todo.
Algumas iniciativas já implementadas na universidade representam modelos interessantes, como: planejamento territorial participativo, com planos diretores participativos para cada campus; projetos socioambientais centrados na gestão de resíduos; conservação de áreas protegidas; geração autônoma de energia; transição energética justa; e educação ambiental.
Faz-se necessário também consolidar a mobilidade nos campi, melhorando a conexão da universidade ao seu entorno e integrando soluções multimodais complementares, com ênfase no transporte ativo. Redefinir a relação da universidade com as águas também é um tema importante que deve ser pensado a partir da compreensão de seus corpos d’água como estruturantes do território.
Entender a sustentabilidade como princípio transversal a qualquer proposta para a USP significa um compromisso com o futuro e exige integrar conhecimento e ação, fortalecendo redes internas e ampliando alianças com outras universidades, instituições públicas, coletivos e organizações sociais. Enfim, trata-se de preparar a USP para se adaptar aos desafios que as mudanças climáticas trazem para nossos campi, para a comunidade USPiana, paulista, brasileira e mundial.
Nesse sentido, uma gestão ágil e transparente deve ser entendida como escuta ativa, em um processo em que as diferentes vozes da comunidade são valorizadas, transformando ideias em decisões compartilhadas. Deve dar ênfase à desburocratização e à descentralização de processos e à delegação responsável de decisões, de forma a respeitar a autonomia e contemplar as especificidades e particularidades das unidades que compõem a universidade.
Uma gestão transparente significa tomar decisões com base em dados e indicadores, no diálogo e na responsabilidade. Transparência não é apenas prestar contas: é garantir que toda a comunidade compreenda e participe da definição dos rumos da universidade.
Transparência externa é igualmente relevante, prestando contas para a sociedade sobre o uso dos recursos públicos que são repassados para a universidade, com ênfase nos órgãos de monitoramento, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público, entre outros.
Os órgãos de monitoramento interno e de conformidade, como a Controladoria, têm um papel fundamental na governança e em assegurar o cumprimento da responsabilidade e sustentabilidade financeira.
Uma gestão transparente envolve garantir a rastreabilidade, a visibilidade e compreensibilidade de processos e de recursos. Envolve igualmente considerar o orçamento da universidade como um mecanismo de escuta em um processo participativo e colaborativo que preserve a autonomia das unidades, museus e institutos especializados, ao mesmo tempo em que contribua para a compreensão e o atendimento dos objetivos comuns da universidade.
Esse modelo de gestão deve preservar o caráter peculiar da universidade, como uma autarquia pública, repelindo a adoção de modelos empresariais de gestão. Sendo uma instituição pública de ensino superior, a USP deve buscar desenvolver modelos próprios de gestão, fundados na colaboração.
Dessa forma, modelos como os de orçamento participativo e de orçamento base zero podem ser adaptados e implementados no ciclo orçamentário da USP. Esses processos orçamentários podem considerar métricas que correspondam às atividades-fim, de modo que se tenha uma alocação mais equânime de recursos entre departamentos, cursos, unidades e campi.
A rastreabilidade de processos de compras deve ser aperfeiçoada. As unidades têm perfis e necessidades particulares que devem ser contempladas; mas é possível centralizar alguns processos de compras de forma a assegurar o benefício de negociar grandes quantidades e diminuir o peso para as unidades.