Novo Tempo
– para fortalecer uma USP diversa
que proteja nosso tempo, realizando com propósito
e agindo com transparência,
diálogo e sustentabilidade
– para fortalecer uma USP diversa
que proteja nosso tempo, realizando com propósito
e agindo com transparência,
diálogo e sustentabilidade
Professora Silvia Casa Nova | Candidata a Vice-Reitora
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Prof. Marcílio Alves
Escola Politécnica
USP Butantã
Infos Marcílio
Profa. Silvia Casa Nova
Faculdade de Economia, Administração,
Contabilidade e Atuária, USP Butantã
Infos Silvia
Princípios Estruturantes
Compromisso com a Sociedade
Sustentabilidade Financeira,
Social e Ambiental
Gestão Ágil e Transparente
Estes princípios devem ser traduzidos em um movimento constante de criar, formar, interagir e cuidar.
Eixos Programáticos
Criar abrange as atividades de pesquisa, de ensino e de inovação, indo do conhecimento puro até a transferência tecnológica.
Formar centra-se no ato de ensinar e no processo de ensino-aprendizagem, passando pela graduação, pós-graduação e pelos cursos de extensão.
Cuidar tem seu foco nas pessoas que compõem a comunidade USPiana, passando pela valorização da carreira docente, técnico-administrativa e de pesquisa, pela inclusão e pertencimento. Inclui também o espaço físico da USP e seu patrimônio intangível.
Como membros da comunidade da Universidade de São Paulo, USP, navegamos um momento complexo, de muitos questionamentos. Mesmo como participantes de uma das universidades mais prestigiosas do mundo, e apesar das muitas conquistas recentes, experimentamos um período de insatisfações difusas, o que nos faz questionar: como atuaremos sobre esses problemas? Como enfrentá-los para alcançar o nosso maior potencial coletivo e nos sentirmos pertencentes e acolhidos em uma comunidade ativa e viva? Como seguir produzindo e atrair talentos diversos? Como reter esses talentos ao mesmo tempo em que reconhecemos e honramos o peso da contribuição das gerações passadas?
Nessa carta aberta, refletimos sobre essas tensões que enfrentamos hoje na USP e, em um mapeamento inicial, propomos ações concretas para uma USP de um Novo Tempo, lastreadas por quatro ações basilares: criar, formar, interagir e cuidar.
A USP é multidimensional em suas características, em suas vocações e em seus problemas. É orgânica e é diversa tanto em suas aspirações quanto nas expectativas que cria em um corpo diversificado de atores sociais. É parte de um ecossistema de construção, consolidação e disseminação de conhecimentos que se apoia nos pilares centrais de sua atividade, que são o ensino, a pesquisa e a inovação, a cultura e extensão universitária, permeados pelo acolhimento, pertencimento e inclusão e que devem ser apoiados por uma gestão equânime, transparente e sustentável em várias lentes, incluindo a econômica, social e ambiental. Tal profusão de atributos reverbera cada vez mais, seja devido aos novos desafios educacionais, de pesquisa e de bem-estar, seja frente às ameaças e questionamentos que a USP sofre para se manter como foi criada: uma universidade pública, gratuita, autônoma e guardiã dos valores democráticos, que precisa estar sempre atenta para proteger a liberdade de pensamento.
Como um farol a clarear os múltiplos caminhos e como um espaço de discussão para aprofundamento das rotas a seguir pela sociedade paulista e brasileira, com um peso relevante para a região da América Latina e do Caribe e para o mundo, a USP nos direciona a criar, formar, interagir e cuidar.
Promove e apoia um ambiente aberto e participativo, em que um amplo espectro de tendências e de jeitos de ser é acolhido para que a pluralidade seja sempre nosso diferencial, nossa riqueza, nosso principal capital.
Estas características USPianas precisam ser orquestradas por uma gestão não piramidal que converse, que aprenda a dialogar com os inúmeros segmentos que compõem essa multitude de pessoas, todas ávidas por trocas de ideias, conceitos, saberes e toques humanizados. Fala-se aqui de uma gestão não imperial, não cardinalícia, pronta e ávida por escutar e agir em prol de uma sociedade e comunidade tão diversas.
Comecemos por nosso corpo estudantil, que vive na USP o processo de transição para a vida adulta e profissional. É dele que temos de aprender que a vida nos campi da USP necessita ter apoio para desabrochar via uma multiplicidade de ações concretas, na maior parte propostas pelos próprios estudantes, que são a força e entusiasmo da vida USPiana. Esta maior articulação e integração entre ações planejadas e propostas pela instituição, por docentes e servidores técnico-administrativos e de pesquisa e as indicadas pelo corpo discente deverá criar um meio que propicie o diálogo, oferecendo um respiro com o potencial de trazer arejamento e dinamicidade à vida universitária. Mais esporte e cultura e transdisciplinaridade trarão vida aos campi e representarão possibilidades de interação e socialização. Acreditamos em uma educação sem paredes, em que todo o espaço seja um espaço de vivência universitária.
Um dos grupos que mais intensamente vivem a nossa universidade é o de servidoras e servidores técnico-administrativos e de pesquisa. A USP só se realiza na força de trabalho cotidiano, dedicado e autêntico destas pessoas USPianas de corpo e alma. São o elo fundamental que precisa contar com uma infraestrutura de apoio ao seu fazer cotidiano. Fóruns de troca de experiências e de saberes precisam ser reforçados porque são potencializadores da constituição de uma instituição singular e única. Processos precisam ser facilitados, dinamizados e consolidados para que se crie um repositório compartilhado de gestão do conhecimento do saber-fazer USPiano. É necessário, igualmente, reforçar os mecanismos de avaliação e de reconhecimento de desempenho, zelando por uma retribuição justa pela dedicação e compromisso.
Docentes, identificados com o ensinar, com o pesquisar, com o refletir, com o criar, com o escrever, com o compor, com o comunicar, com o interagir, são outro componente de uma tríade imbuída da noção de excelência humanizada e de prestação de serviço à sociedade. Precisamos nos reconhecer e assumir vítimas de um sistema pecuniário injusto, com salários e benefícios não condizentes ao papel relevante que temos para com a sociedade. Nós docentes temos que estabelecer relações horizontais com os demais agentes que constroem o cotidiano da universidade e precisamos praticar uma escuta atenta e respeitosa para que a comunidade cresça e se fortaleça cada vez mais. Isso é ainda mais importante em momentos de sucessão, com muitos docentes ingressando.
Novos tempos exigem novos olhares, novos ouvidos, novos sentidos atentos para posicionar a USP e seus atuantes, nesse processo transformador de ações e reações, reflexão e proposição. Para isso, é fundamental agregar, escutar e agir. É preciso coragem para experimentar, transgredir, explorar e criar o inédito viável.
Como força motriz de nosso programa, escolhemos quatro eixos programáticos, que guardam relação com as atividades acadêmicas principais:
Engloba as atividades de pesquisa e de inovação. A USP é um grande polo de criação de conhecimento. Criar envolve apoiar atividades de pesquisa em temas que não sabemos o que são e nem para o que servem; naqueles que sabemos o que são, mas ainda não sabemos para o que servem; e, finalmente, naqueles que já sabemos o que são e para o que servem. É necessário apoiar a pesquisa básica e aplicada, incentivar a inovação e abrir caminhos para que as pesquisas se traduzam em soluções para os grandes desafios contemporâneos, técnicos e sociais. Criar e pesquisar são funções que exigem investimento contínuo, respeito à autonomia científica e estímulos à colaboração interdisciplinar, sendo essencial preservar e ampliar as ações de internacionalização. Os desafios atuais para o ensino superior na graduação e na pós-graduação exigem dos docentes um exercício pleno de criação de práticas pedagógicas inovadoras.
Especial atenção deve ser dada à valorização do ato de ensinar e ao processo de ensino-aprendizagem, reconhecendo a docente e o docente como facilitadores dos sonhos de vida de nossos e nossas estudantes. Formar se conecta com ensino de graduação, pós-graduação e com os cursos de extensão, que têm um importante papel na inclusão social. Formar se conecta também com a exploração de novos métodos de aprendizagem, que devem necessariamente cultivar uma IA construtiva, ou Inteligência Ativa, com apoio da dita IA que está agora presente em tudo. Deve-se entender que a tecnologia tem papel coadjuvante e que formar é acolher estudantes como sujeitos ativos do processo formativo. É empoderar cada pessoa — docente, servidor ou discente — a exercer sua vocação transformadora com liberdade acadêmica e apoio institucional.
Refere-se à comunicação da USP entre seus pares e com a sociedade. É aqui que se incluem as atividades de Cultura e de Extensão Universitária, as relações com o governo para zelar pela autonomia da USP — com máxima atenção à Reforma Tributária —, e as relações com a sociedade mais ampla, comunicando de forma clara e direta as diferentes maneiras pelas quais a universidade provoca um impacto positivo e de melhora na vida das pessoas, permitindo, assim, que continue a servir como elemento catalisador de uma desejável mudança social.
Interagir é ouvir as diferentes expressões culturais do Brasil e do mundo. É fortalecer uma cultura de respeito à alteridade. É promover um diálogo ativo com a sociedade paulista e brasileira por meio de projetos de Extensão Universitária que combinem o conhecimento acadêmico com saberes ancestrais e populares.
A USP existe em uma relação dialógica constante com o povo que a financia e que dela espera respostas, reflexões e ações. Fortalecer a extensão universitária como forma de comunicação e de troca de saberes, democratizar o acesso e colocar a ciência a serviço do alcance da justiça social é dever da universidade pública e cidadã. Além disso, por meio da curricularização da extensão, esperamos mobilizar estudantes para uma ação direta junto à sociedade paulista, em especial aos mais vulneráveis.
Cuidar está em tudo o que fazemos por sermos uma instituição de ensino e pesquisa. Cuidar é uma atividade central principalmente quando nosso foco são as pessoas. É preciso cuidar da USP, acolher sua comunidade, apoiar a diversidade. Cuidar é garantir condições de trabalho e estudo dignas. É construir espaços de escuta e de acolhimento, onde a pluralidade é respeitada e celebrada. É reconhecer a diversidade como riqueza. É valorizar a carreira, pois a valorização da carreira docente, técnico-administrativa e de pesquisa é essencial para a vitalidade da universidade.
Cuidar é proteger nosso tempo, esse tempo que tem se acelerado tanto e, por vezes, nos atropelado com as diversas pressões que estabelece. Proteger nosso tempo significa combater a sobrecarga, respeitar a dedicação à pesquisa, ao ensino e à cultura e extensão universitária e a participação na gestão da USP.
É, também, manter um olhar atento para a necessária infraestrutura de apoio para o desenvolvimento de nossas atividades.
Cuidar significa também gerir de forma transparente, participativa e equânime.
Cuidar é desburocratizar e descentralizar.
Cuidar das pessoas se estende à toda a comunidade USP, incluindo sua saúde física e mental, seus salários, bolsas, seu lazer, e inclui promover uma vida intensa nos campi, permeada de atividades culturais e esportivas.
Para cuidar do patrimônio, pretendemos dar ênfase à restauração dos prédios da USP. Por restauração entendemos manter e resgatar a concepção arquitetônica original, atualizando-a com projetos sustentáveis, confortáveis e de qualidade. Cuidar é adaptar os espaços aos seus usos. Cuidar é preservar as reservas ambientais da USP e manter suas áreas verdes e árvores.
Esses quatro grandes eixos são perpassados pelos princípios estruturantes da Gestão Ágil e Transparente. A gestão deve ser ágil, eficiente, justa e transparente, tendo sempre como premissa a ética e ações que ensejam a Sustentabilidade Econômica, Social e Ambiental. Sustentabilidade, por sua vez, deve atravessar todas as dimensões — ambiental, social, econômica e humana. O que nos move é nosso Compromisso Social, a consciência clara do papel que a universidade desempenha para a sociedade.
É por meio da escuta que se constrói o coletivo. É agregando diferentes vozes, vivências e experiências que se criam decisões mais justas. É respeitando a diversidade de papéis, saberes e trajetórias que a universidade se fortalece.
Mais que prometer, é preciso fazer. Realizar com coragem, planejamento e sensibilidade. Realizar com o reconhecimento do passado, os pés no presente e o olhar no futuro.
Realizar com e para a comunidade USPiana. Para realizar é preciso se pautar no inédito viável, ou seja, realizar considerando as restrições e condições que se apresentam, sempre com a preocupação com a sustentabilidade financeira, como estabelecido em normas internas, com diálogo e com transparência.
Convidamos toda a comunidade USPiana a se envolver com essas ideias e aperfeiçoá-las. Com a USP Novo Tempo temos uma oportunidade ímpar na universidade de atuar de maneira colaborativa na discussão e na escolha dos principais temas que merecem atenção premente e transformadora.
Saudações acadêmicas,
Marcílio Alves e Silvia Casa Nova